terça-feira, 9 de agosto de 2011

A Circuncisão Pode Proteger os Homens Contra a AIDS?


Há uma estimativa de cerca de 50 milhões de pessoas infectadas pelo vírus HIV nos dias de hoje, dos quais 50% são homens. Em ambos os sexos, 75% a 85% das infecções se devem ao contato sexual. No caso dos homens, 70% contraíram o vírus através do sexo vaginal enquanto uma porção menor o fez através do sexo anal, ao contrário talvez, do que é pensado pelo público geral.

Como o HIV infecta o homem durante o ato sexual?

Para que o vírus atinja a corrente sangüínea e cause a infecção generalizada, ele primeiramente infecta células específicas localizadas nas mucosas genitais e/ou retais. O HIV, dessa forma, penetra primeiramente nessas células que são então fundidas com linfócitos CD4+ (tipo de glóbulo branco) que então migram para tecidos internos. Dessa forma, parece serem esses, os locais primários mais prováveis de infecção pelo HIV em homens.

Implicações

Uma revisão bibliográfica sobre a epidemia da AIDS feita pelo Dr. Roger V. Short e colaboradores, do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da Universidade de Melbourne – Austrália evidenciou uma quantidade expressiva de artigos mostrando evidências epidemiológicas importantes a favor da circuncisão como fator de proteção contra a infecção pelo HIV em homens. De acordo com esses estudos, os homens circuncisados têm de duas a oito vezes menos chances de contraírem a AIDS. Ao mesmo tempo, há também uma proteção contra outras doenças sexualmente transmissíveis e uma vez que essas últimas aumentam a chance de transmissão do HIV de duas a cinco vezes, a circuncisão pode ter um efeito protetor ainda maior.

Uma forte evidência

A maior evidência do efeito protetor da circuncisão sobre a transmissão do HIV veio de um estudo realizado com casais na Uganda que possuíam sorologia para HIV discordante, ou seja, as mulheres eram positivas e os homens negativos. Nenhuma infecção ocorreu nos 50 homens circuncisados em 30 meses enquanto 40 de 137 homens não circuncisados tornaram-se infectados nesse mesmo período. Ambos os grupos foram supridos com acesso livre ao teste para HIV, instruções intensivas sobre prevenção do contágio e preservativos de graça, apesar de 89% dos homens não os terem usado nenhuma vez, e o uso dos mesmos não ter influenciado a taxa de transmissão da doença.

Por que a remoção do prepúcio diminui a sucetibilidade ao HIV?

O pênis normal consiste do corpo do pênis, glande, meato uretral, parte externa e interna do prepúcio e o freio (fino pedaço de pele que liga a camada interna do prepúcio à região ventral da glande). A pele externa do prepúcio é constituída de uma pele que funciona como uma barreira contra a infecção do HIV. Entretanto, a pele interna do prepúcio possui grande quantidade daquelas células específicas onde o vírus se instala primeiramente no processo infeccioso. Essa região é deslocada para trás durante o ato sexual entrando em contato com a mucosa vaginal e com suas secreções, ricas em HIV, possibilitando uma área suficientemente grande para que se tenha a infecção viral. Nos homens circuncisados, somente a porção final da uretra possui uma mucosa com células específicas as quais por sua vez se encontram em menor quantidade.

Lesões ulcerativas ou inflamatórias (DSTs) da uretra, prepúcio, freio ou glande causadas por outras doenças sexualmente transmissíveis possibilitam vias adicionais de infecção pelo HIV. Nos homens não circuncisados, o freio - altamente vascularizado - é um local altamente suscetível a lesões traumáticas durante o ato sexual e lesões causadas por outras DSTs ocorrem com freqüência nesse local. Assim a circuncisão também diminui o risco de infecção reduzindo o sinergismo existente entre o HIV e outras DSTs.

fonte: boasaude.uol.com.br / imagem: entrefogocruzado.wordpress.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário