quarta-feira, 16 de março de 2011

Ideias de masculinidade colaboram com o câncer da próstata

Os ideais de masculinidade podem prejudicar a saúde do homem. É o que afirma um ensaio publicado recentemente na revista Ciência e Saúde Coletiva, intitulado Sexualidade Masculina e Saúde do Homem: Proposta para uma Discussão. O texto, escrito pelo pesquisador do Instituto Fernandes Figueira (IFF-Fiocruz) Romeu Gomes, mostra que a sexualidade masculina, quando não é devidamente abordada, pode comprometer a saúde do homem, revelando dificuldades o que se refere à promoção de medidas preventivas.
É o que acontece, por exemplo, na prevenção do câncer de próstata, cujo exame mais comum de detecção da doença, o toque retal, se transformou num tabu para uma grande quantidade de homens. De acordo com Gomes, a temática já é discutida há alguns anos pelas ciências sociais e tem a ver com a construção da identidade masculina: “Na construção do que é ser homem pode estar embutido, de forma contraditória, justamente o não cuidar de si, porque ser homem é ser alguém que é poderoso, imbatível, então isso faz com que muitos não busquem cuidados”, afirma.
No Brasil, o câncer de próstata é a segunda maior causa de mortes por câncer entre a população masculina, perdendo apenas para o câncer de pele não-melanoma. A detecção precoce da doença é fundamental para que aumentem as possibilidades de cura e, entre as medidas preventivas, o toque retal ainda é a mais utilizada no país, já que o exame permite encontrar nódulos pequenos e avaliar a extensão local da doença. 
O médico Alexandre Donato, do Instituto Nacional do Câncer (Inca), explica que existem outras duas formas de detecção da doença. “O teste sangüíneo, chamado de teste de PSA (Antígeno Prostático Específico) poderia ser uma das opções ao toque retal, mas não é utilizado em massa porque existem diversas outras doenças que alteram o exame. Serve apenas como exame complementar”, explica Donato. “Um outro exame que também pode ser utilizado é o ultra-som prostático, mas esse também é feito através do reto e geralmente indicado apenas quando o homem apresenta o teste sangüíneo alterado”, afirma. 
A detecção precoce da doença também é importante para que a cirurgia de próstata seja evitada. Segundo o médico, o procedimento é contra-indicado, pois pode causar impotência ou incontinência urinária. A radioterapia reduz o câncer, mas ele geralmente volta em alguns anos.
Os principais sintomas do câncer de próstata são o hábito de levantar várias vezes à noite para urinar, além de dor e dificuldades no ato de urinar. Alexandre Donato recomenda que a prevenção comece a partir dos 35 anos, no caso de existirem antecedentes familiares da doença, ou a partir dos 40 anos. Quaisquer sintomas de obstrução ou crescimento da próstata, como a diminuição do jato urinário, também devem ser investigados.
“O homem latino tem um grande preconceito em relação ao toque retal. Normalmente é uma estratégia difícil de ser implantada, então normalmente o trabalho com a população é de tentar desconstruir essa história de masculinidade em relação ao cuidado da próstata”, afirma Donato, explicando o que poderia ser feito para quebrar o tabu do exame retal, que pode ter sido o responsável, só no ano passado, por 8.230 mortes e mais 35.240 casos de câncer de próstata no país.
Procure um profissional especializado de sua confiança e realize os exames necessários para prevenir doenças fatais e degenerativas como o Câncer de Próstata. Caso precise de uma indicação, ligue para Opção Saúde (093) 35182206.
Fonte: Folha de SP 

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